Pintura a óleo sobre tela 100x 81 cm
“Lavrador de café” Portinari. 1934 (Fonte: imagem do Google)
“Lavrador de café” Portinari. 1934 (Fonte: imagem do Google)
“O Lavrador de café” acima faz menção à temática social das mais recorrentes em Portinari que, só sobre esse tema, realizou cerca de 50 obras, tendo recebido, em 1935, a 2ª Menção Honrosa do Carnegie Institute, em Pittsburgh, nos EUA pela tela “Café”, hoje pertencente ao Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. É uma das telas mais famosas de Cândido Portinari , cuja data é confusa,mas para o MASP (onde encontra-se esta tela) ela teria sido elaborada em 1939, mas para o Projeto Portinari a obra data de 1934.
No sentido de destacarmos o valor de seu trabalho reproduzo aqui uma análise feita em meu blog (Arte-Fonte de Conhecimento) destinado a alunos do Ensino Médio, pois é importante observar os pormenores do quadro para entendê-lo melhor. "O Lavrador de Café", pintura que mede 1 metro por 80 centímetros retrata um trabalhador negro em uma fazenda de café do início do século XX e, está entre as obras mais conhecidas do artista e é importante representação desse interesse de Portinari pela temática nacional.
No quadro O Lavrador de Café o modelo aparece bem mais musculoso do que o normal. A figura deformada com pés e mãos enormes é o que aproxima do Pintor Portinari o expressionismo. Aumentar o tamanho do corpo de seus personagens era o jeito que o artista usava para mostrar a importância do trabalhador brasileiro.
Essa deformação expressiva, notadamente a dos pés e das mãos de grandes figuras dramáticas e comoventes pode ser considerada uma das características marcantes do pintor. Em primeiro plano, centralizada, aparece a figura do lavrador com os detalhes dos pés e das mãos disformes expressos de maneira exagerada. Pode-se mesmo comparar o tamanho das mãos e dos pés com o tamanho da cabeça. Destaca-se também a enxada em sua mão direita, com a base de tamanho exagerada, assim como seus pés e mãos. As calças brancas do lavrador contrastam com o chão escuro. Sobra pouco espaço acima e abaixo do lavrador, no quadro. O pintor nos mostra a forte atuação do trabalhador rural na lavoura do café.
A árvore decepada, a direita conota desmatamento, fim da mata natural. É a mudança da paisagem proporcionada pela cultura do café. Em segundo plano, aparecem os montes dos grãos já colhidos. A iluminação ressalta os picos dos montes, na cor amarelada. Entre eles, um dos montes aparece na cor verde e nele estão presentes algumas arvorezinhas.
Ao fundo temos inúmeras figuras de pés de café, tanto na superfície plana como nos morros. Percebe-se que parte das plantações dos pés de café já está indo em direção ao espaço reservado para seleção e ensacamento. Com esses detalhes, percebe-se a superprodução ai registrada. O olhar do lavrador é expressivo e nele predomina a preocupação. Tem-se a impressão de que ele sente a ação devastadora da exploração que o homem faz na natureza.
Quando se observa esses detalhes que compõem o quadro, começamos a entender o efeito da figura do lavrador que de imediato se destaca na paisagem. A cena que é colocada numa colina da qual se vê uma extensa e longínqua paisagem com uma faixa de céu ao fundo, destaca a parte superior do lavrador. A grande plantação que se estende para além da colina é relativamente pequena em contraste com o tamanho do lavrador.
Outro elemento presente no quadro é o trem, colocado entre os pés de café e os montes de grãos. Sabe-se que era o trem o meio de transporte utilizado para enviar a produção cafeeira até Santos para ser exportada aos diversos países, em especial, aos Estados Unidos.
A figura do trem nos permite refletir sobre a história de município, pois como registra Lima (LIMA, Roberto Pastana Teixeira. Amparo: Flor da Montanha. São Paulo: Nova América, 2006.), "o café e a ferrovia sempre andaram juntos."
Observar as obras de Portinari, entendê-las em seus vários contexto é um exercício que vale a pena. O Lavrador de Café é uma das obras mais felizes da pintura social de Portinari, pela concretude que o artista passa em relação ao trabalho humano, a realidade ante ao instrumento desse labor, nessa obra Portinari fundi diversos momentos do trabalhador, tanto agrícola quando operário da construção, quando ele coloca outra paisagem que contrasta com a natureza transformada pelo homem, uma paisagem que surge com o modernismo que é a estrada de ferro e o trem, para Fabris é outra dimensão do trabalho desenvolvido pelo homem que diz: ”O escultório negro da enxada, cuja fisionomia parece derivar daquela do carregador de Café, ergue-se dominador numa paisagem em que o esforço humano é visível no trabalho já feito (cafezal) e no trabalho por fazer (terra roxa ainda não plantada). A presença do trem é um recurso significante de que se serve o pintor: é a outra dimensão do trabalho humano, é a mesma presença do homem lavrando a terra ou abrindo estradas.”
Fonte: Fato Constante
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