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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Vidas Secas - Resumo por capítulos e os outros livros vestibular 2012/UNIR


 VIDAS SECAS
    
      1. Mudança
      Começando o livro, o narrador coloca diante do leitor o primeiro quadro:
      a) uma tomada à distância: a família no ambiente da seca.
      b) a caracterização de cada membro da família pelas suas atitudes. 

      2. Fabiano
      O narrador mostra a desintegração progressiva de Fabiano:
      a) Fabiano e a vida
      b) Fabiano e a seca
      c) Fabiano, a família e a seca. 

      3. Cadeia
      Continua o narrador a mostrar Fabiano diante da sociedade. Ele vai comprar querosene: está com água. Vai comprar chita: é cara. É levado ao jogo, não sabe se comunicar, e é preso. 

      4. Sinhá Vitória
      A apresentação de Sinhá Vitória é semelhante à de Fabiano. Aparece a sua dificuldade de relacionamento com os meninos, com a Baleia, com Fabiano. Sua aspiração: ter uma cama.

      5. Menino mais novo
      Quer espantar o irmão e Baleia. Observa o pai montar a égua. Fabiano cai, de pé. Ele vibra. Sinhá fica indiferente diante da façanha do pai, ele não se conforma com a indiferença da mãe. Tenta se comunicar com o pai, mas não consegue, fica chateado. A Baleia dormia. Foi tentar conversar com a mãe, levou um cascudo. Dorme, Sonha com um mundo adulto. No dia seguinte tenta montar o bode, mas sai sem honra da façanha. Cai, leva coices. 

      6. Menino mais velho
      Quer saber o que seja inferno. Sinhá Vitória fala em espetos quentes, fogueiras. Ele lhe perguntou se vira. A mãe zanga-se, achou-o insolente e aplicou-lhe um cocorote. Baleia era o único vivente que lhe mostra simpatia. 

      7. Inverno
      Família reunida em torna do fogo. Não havia conversa, apenas grunhidos. Ninguém entende ninguém, já são poucos humanos. 

      8. Festa
      Iam à festa de Natal na cidade. Na cidade se vêem distantes da civilização. Fabiano não fala, mas admi-ra a loquacidade das pessoas da cidade. 

      9. Baleia
      A cachorra Baleia aparecera doente. Fabiano imaginara que ela estivesse com hidrofobia, e amarrara-lhes no pescoço um rosário de sabugo de milho queimado. Ela, de mal a pior. Resolvera matá-la. 

      10. Contas
      Fabiano diante do imposto e da injustiça do patrão Nascera com esse destino, ninguém era culpado por nascer com destino ruim. 

      11. O soldado amarelo
      Fabiano ia corcunda, parecia farejar o solo, quando encontrou o soldado amarelo. Lembrou-se do passado. Quis se vingar. Reviveu todo o passado. Pensou e repensou sua condição.
      O soldado, antes cheio de medo, vendo Fabiano acanalhado, ganha coragem, avançou, pisou firme, perguntou o caminho. E Fabiano tirou o chapéu de couro, curvou-se e ensinou o caminho ao soldado amarelo. “Governo é governo.” 

      12. O mundo coberto de penas
      Depois do inverno, de novo seca anunciada nas arribações. Fabiano luta contra a natureza, atira nas arribações. 

      13. Fuga
      O mesmo quadro do primeiro capítulo. No primeiro quadro os meninos se arrastavam atrás dos pais, neste os pais se arrastam atrás dos meninos. Os meninos corriam. Era o destino do Norte – O (nor)destino. 

Mais informações aqui https://geekiegames.geekie.com.br/blog/resumo-vidas-secas/?utm_source=onesignal



ATENÇÃO GALERA TERCEIRÃO JBC !

PARA ENTENDER MELHOR A LEITURA DO  LIVRO ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA PEGUE SEU LIVRO E ESQUEMATIZE AS INFORMAÇÕES ABAIXO PARA MELHOR ENTENDIMENTO NA LEITURA ESCREVENDO NA FRENTE DE CADA PARTE O ASSUNTO PRINCIPAL.

05 PARTES:

  • Primeira parte: a “Fala Inicial”, o primeiro “Cenário” e os romances I — XX.(
    Focaliza o ambiente e os antecedentes que conduzem à Inconfidência )
  • Segunda parte: Romances XXI — XLVII.( Focaliza a trama e a frustração da Inconfidência Mineira. Revela "a marcha da conspiração, seu malogro e o prenuncio das desgraças" que se abaterão sobre os inconfidentes)
  • Terceira parte: Romances XLVIII — LXIV.( Focaliza a morte de Cláudio Manuel da Costa e de Tiradentes. Nessa parte, evoca-se o sacrifício de Tiradentes)
  • Quarta parte: Romances LXV — LXXX. (Focaliza o infortúnio de Tomás Antônio Gonzaga e de Alvarenga Peixoto. Uma passagem evocativa retoma o cenário em que viveu o poeta Tomás A. Gonzaga)
  • Quinta parte: Romances LXXXI — LXXXV,( Focaliza a presença de D. Maria I, vinte anos depois de ter lavrado a sentença que decretou a morte de Tiradentes e o degredo dos demais inconfidentes. Dona Maria, já louca, contempla a terra em que ocorreu o drama da Inconfidência) mais a Fala aos Inconfidentes Mortos.




 ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA de Cecília Meireles
- Modernismo do Brasil


O tema central como o próprio título indica, a Inconfidência ou Conjuração Mineira, episódio histórico ocorrido em 1789, que culminou com a morte de Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes) e como o degredo de outros tantos revoltosos. Dentro dessa centralização temática, teríamos a morte de Tiradentes como o núcleo. Entretanto, outros temas giram em torno dele. O aproveitamento histórico do episódio serviu para a autora trazer à tona outros assuntos, tais como a traição, a covardia, a ambição desmedida (gerada principalmente pela febre do ouro), a inveja, o medo, a coragem, a ousadia, a loucura, a corrupção, e, por que não, o amor. A traição e a covardia ficam por conta daqueles que, movidos por interesse econômico (Joaquim Silvério dos Reis) ou por medo das ações do governador de Minas, delataram os inconfidentes. Muitos desse delatores sequer viram ou ouviram alguma que pudesse servir de prova contra os acusados. A ambição está presente nas atitudes do próprio Joaquim Silvério dos Reis ou do Conde de Valadares, que se vendem por dinheiro, esquecendo por completo qualquer amizade. A ousadia fica por conta do herói do poema, Tiradentes, que ousava sair pelos campos ou pelos quartéis pregando a liberdade e falando contra a ambição da Coroa Portuguesa, que estava sempre a exigir mais dinheiro para seus gastos e deleites. Também, não podemos nos esquecer dos inconfidentes e dos heróis anônimos. A loucura está presente de forma teatral na figura da própria rainha, D. Maria I, que se via condenada ao inferno; ou em Bárbara Heliodora que, marcada pela dor do degredo do marido, Alvarenga Peixoto, e pela morte de sua filha Ifigênia, acaba endoidecida e termina por morrer. A corrupção segue suas trilhas entre governadores, magistrados, fiscais, e outros tantos funcionário da Coroa. O amor não fica apenas nos versos dos poetas árcades Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa ao recordarem em suas liras as pastoras Marília, Nise ou Anarda, mas também na paixão do ouvidor Tomás Antônio Gonzaga por Maria Joaquina, e o sofrimento desta pela partida do noivo. O próprio Arcadismo servirá de tema em vários momentos da presente obra, trazendo de volta as figuras das pastoras, das ovelhinhas, dos prados amenos, dos regatos mansos e da vida bucólica que se oporá, dentro do poema, ao clima de insurreição e violência que passará a dominar a ação narrativa. De maneira geral, o grande tema deste livro é a lição histórica que a Inconfidência empresta aos nossos jovens, de separar os que ficarão gravados para sempre nas páginas da História e da Literatura como heróis e símbolos da liberdade e os deixarão suas pegadas como covardes, ambiciosos e mesquinhos.(fonte:google.com)


ANJO NEGRO - NELSON RODRIGUES 


Se hoje o preconceito racial corre solto, imagine em 1946 quão pior era a situação. Nelson Rodrigues resolveu escrever sobre esse tema problemático e cheio de tabus, mas ele não quis colocar nas prateleiras mais um livro onde o negro é um Zezinho qualquer cheio de malandragem. Não, Nelson quis criar um peça teatral onde o protagonista é o negro rico, bem sucedido e cheio de conflitos pessoais. E conseguiu. É uma pena que tenha sido necessária essa distinção, esse tapa de luva na sociedade para tentar fazê-la enxergar que somos todos iguais. Ainda pior é o fato de que muitos continuam não percebendo como é patético tentar descobrir quem é melhor, negro ou branco, já que não é a melanina da pele que dita quem são os grandes caras que fazem seu nome acontecer no mundo.
Uma das ênfases de "Anjo Negro" é que, Ismael, o protagonista, para conseguir se impor na sociedade acabou pensando e agindo como um branco, repudiando sua própria cor. De fato, o personagem com maior preconceito racial na peça inteira é o próprio negro. Virgínia, a esposa branca de Ismael, tem verdadeiro nojo do marido e demonstra sua raiva assassinando por afogamento todo e qualquer filho que venha a nascer. Ismael sabe disso e nada faz, assim como todos os atos repugnantes que ambos cometem são lúcidos e com as reais intenções; não há espaço para erro sem consciência. Embora vivam em uma casa de muros altos, cada vez mais isolados do mundo, partilham de uma vida turbulenta, onde um inferniza ao outro e qualquer outra pessoa que se aproxime sofre consequências.
Uma dessas pessoas é Elias, irmão de Ismael. Por ser de cor branca, Elias sentiu na pele a inveja de Ismael quando este o cega, ainda pequeno. Quando aparece na casa do casal, Elias traz consigo problemas inacabados e provoca em seu irmão uma insaciável sede de vingança.

Colocando sua extrema habilidade em ação, Nelson Rodrigues criou uma peça teatral complexa, carregada de ambiguidades. É fácil sentir raiva de Ismael e Virgínia, mas aos poucos também é possível entender seus motivos e sentimentos. Ismael age por vezes como um monstro, mas carrega no peito sofrimento e amor. Para vencer a barreira que a sociedade impunha aos negros, torna-se um excelente médico, mas ele próprio duvida de suas capacidades. Personalidade fortes e impactantes, cuja face frágil vai aparecendo no decorrer dos atos.
É um livro de poucas páginas, envolvente, desses para ler numa só sentada


sábado, 24 de setembro de 2011

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE



Drummond, tradutor “Deus sabe como”

Publicação revela detalhes ocultos da produção de Drummond

LUÍS ANTÔNIO GIRON

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ENGAJADO  O poeta Carlos Drummond de Andrade em 1951, ano em que planejava reunir suas traduções de poemas sociais em livro. O volume que sai agora inclui o poema do espanhol Federico García Lorca (à dir.), publicado na revista Esfera, nos anos 1940  (Foto: acervo CDA) 
Quanto mais produtivo o autor, maior a probabilidade de que fique para a posteridade o trabalho de organizar seu material. Por essa razão óbvia, as obras dos escritores se tornam campo aberto à pesquisa e às especulações póstumas. Uma “obra completa” não passa de uma construção contestada e refeita de geração em geração. As marginálias dos escritores renomados surgem à medida que suas obras despertam interesse. O sonho dos estudiosos é conseguir que a marginália altere as ideias adquiridas sobre os textos principais do escritor, o seu cânone.
Não surpreende, portanto, que a obra do mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), um dos poetas basilares da língua portuguesa, continue a estimular o apetite da posteridade. Sua “obra completa” – 45 títulos publicados em vida – acaba de trocar de editora. Por vontade dos herdeiros, ela passou da editora Record para a Companhia das Letras. A reedição de Drummond começará a sair em 2012, com novos estudos sobre sua produção, além de uma prometida e gorda marginália.
Impulsionada pela movimentação, a editora CosacNaify se adianta com um título inédito: Poesia traduzida (448 páginas, R$ 78). A organização e as notas, dos professores Augusto Massi e Júlio Castañon Guimarães, são resultado de uma pesquisa realizada na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, depositária do arquivo Drummond. O trabalho, que durou cinco anos, revelou uma dimensão meio oculta na produção drummondiana: a do tradutor de poesia. São 64 textos compilados em jornais e revistas entre os anos 1940 e 1960, feitos diretamente do espanhol, do francês e do inglês e, indiretamente, de poemas alemães, noruegueses e poloneses.
A edição poderia consistir apenas no ajuntamento de uma produção eventual e sem importância. Até porque o próprio Drummond se definia como um “tradutor Deus sabe como”, “bissexto” e “jornalístico”. Muitos textos ele verteu por necessidade econômica, como os poemas curtos das americanas Dorothy Parker e Carmen Bernos de Gasztold, por encomenda da revista Seleções do Reader’s Digest. O volume, no entanto, contém duas descobertas que realizam o sonho de qualquer investigador de marginália. A primeira é que Drummond pretendia lançar uma coletânea de traduções, que intitularia Poesia errante (traduções). Massi e Guimarães encontraram a referência à obra, jamais publicada, na primeira edição de Claro enigma (1951).
O projeto o levou a trabalhar intensamente com tradução, com ótimos resultados. Nos anos 1940 e 1950, além de verter romances franceses como Ligações perigosas, de Chordelos de Laclos, eA fugitiva, de Marcel Proust, Drummond colaborou semanalmente para o suplemento literário doCorreio da Manhã, traduzindo e elaborando ensaios sobre poetas. Revisou muitas de suas traduções ao longo da carreira. Os pesquisadores buscaram nesses perió­dicos os textos que, supõem, comporiam o volume. A segunda descoberta, mais importante, está na escolha que Drummond fez dos poemas que traduziu. Ela permite redimensionar suas influências e seu perfil intelectual.
Era crença que a influência de Drummond repousava apenas na poesia francesa, sobretudo poetas não alinhados a “ismos”, como André Verdet (1913-2004) e Charles Vildrac (1882-1971). Ele traduziu poemas desses autores, que constam da compilação. Mas os pesquisadores descobriram outras preferências do autor. Uma delas é pelo romanceiro da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), um gênero popular que serviu como veículo de informação e protesto nos anos da ditadura franquista. “Acreditava-se que Drummond havia rompido de maneira brusca com a militância de esquerda, a partir de Claro enigma”, diz Massi. “Mas foi um processo lento, que ele misturou ao trabalho literário.” Massi afirma que Drummond queria reunir poemas militantes franceses e alemães, como os de Paul Claudel e Bertolt Brecht, e de espanhóis, como Federico García Lorca (1898-1936). “Ele não foi um intelectual retraído e afrancesado, e sim um entusiasta da poesia social”, diz. Outra surpresa foi como Drummond se dedicou ao precursor do surrealismo Guillaume Apollinaire (1880-1918). O poeta mineiro se debruçou sobre poemas densos como “A casa dos mortos”, de 1913, e “Colinas”, de 1918. “As traduções dos poemas de Apollinaire revelam um tradutor de altíssima qualidade, um mestre”, diz Guimarães.
Assim, contrariando a imagem consagrada, Drummond sofreu tanto influência francesa como espanhola. Adotou e expandiu em seus textos a forma do romanceiro, com redondilhas e versos livres, e abordou temas semelhantes aos dos poetas sociais e surrealistas de seu tempo. “O exame dessas traduções vai alterar a leitura de Drummond”, afirma Massi. “Ao atingir a maturidade, converteu sua poesia em um meio de resistência ao totalitarismo e de reflexão sobre o mundo.” Por isso, Drummond deve ser reconhecido como um homem que traduziu seu tempo. Um poeta universal.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Livros para vestibular 2012/UNIR

PROJETO VESTIBULAR
BIBLIOGRAFIA – UNIR/2012
A Comissão Permanente de Processo Seletivo de discente – CPPSD divulga a lista de obras literárias que serão abordadas no Vestibular/2012.
Para a realização da prova vestibular 2012 será exigida a leitura prévia e completa do texto das seguintes obras:
O Cortiço - Aluísio Azevedo
Vidas Secas - Graciliano Ramos
Felicidade Clandetisna - Clarice Lispector
Anjo Negro - Nelson Rodrigues
Romanceiro da Inconfidência - Cecília Meireles

Regional

Migração - Múltiplos Olhares - Oliveira, Leandro e Amaral
Mata Virgem ,Terra Prostituta - José Januário de Oliveira Amaral
História Regional - Dante da Fonseca e Marco D.Teixeira

Fonte: UNIR

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Romanceiro da Inconfidência - Cecília Meireles

No livro  Cecília Meireles nos leva direto para a Inconfidência Mineira, trazendo em forma de poesia todos os acontecimentos da época, como se estivesse vivendo cada estante a qual escreveu. Surpreendente em detalhes e em argumentos que provam a veracidade dos acontecimentos, ela se destaca mais uma vez no seu estilo, trazendo não só a história para todos, mas sim introduzindo Cecília Meireles em nossas vidas.

Para entender este livro se faz necessário um conhecimento prévio à respeito da história da  Inconfidência Mineira   e autores do arcadismo como Tomás Antonio Gonzaga,Cláudio Manuel da Costa

Tematicamente, pode-se localizar a ambientação da narrativa nos primeiros 19 romances. A descoberta do ouro, o início de uma nova configuração social com a chegada dos mineradores e toda a estrutura formada para atendê-los, os costumes, os “causos”, como o da donzela morta por uma punhalada desferida pelo próprio pai (Romance IV), ou os cantos dos negros nas catas (VII), o folclore, a história do contratador João Fernandes e de sua amante Chica da Silva e o alerta sobre a traição do Conde de Valadares (XIII a XIX). A ênfase recai na cobiça do ouro, que torna as pessoas inescrupulosas.

Vila Rica é o “país das Arcádias”, numa alusão direta ao neoclassicismo brasileiro, com seus principais poetas e suas pastoras: Glauceste Satúrnio e Nise, Dirceu e Marília (Tomás Antônio Gonzaga). No belo Romance XXI, as primeiras idéias de liberdade começam a circular.

A partir do Romance XXIV, a insatisfação, a revolta contra a corte portuguesa é explicitada com a confecção de uma bandeira (Libertas quae sera tamen). Do XXVII ao XLVII, há a atuação do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que procurava atrair mais gente para a conspiração, em longas cavalgadas pela estrada que levava ao Rio. Contudo, os planos são abortados antes de ser efetivamente colocados em prática por causa dos delatores, principalmente Joaquim Silvério dos Reis (XXVIII).

Segue-se uma devassa completa, prisões, confisco de bens, falsos testemunhos, a morte de Cláudio Manuel da Costa, o Glauceste Satúrnio, sob condições misteriosas (XLIX), a execução de Tiradentes, antecipada na fala do carcereiro (LII) e explicitada nos romances LVI a LXIII.


Após um período como magistrado, Tomás Antônio Gonzaga, o Dirceu, é também preso, julgado e condenado ao exílio em Moçambique (LIV e LV). Lá, longe de sua ex-noiva e agora inconsolada Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a Marília (LXXIII), casa-se com Juliana de Mascarenhas (LXXI).

Os romances finais falam do poeta Alvarenga Peixoto, sua esposa, Bárbara Eliodora, e sua filha, Maria Ifigênia (LXXV a LXXX); o retrato de Marília idosa; lamentos pela calamidade mineira; e a loucura e morte de D. Maria I (LXXXII e LXXXIII). A obra é concluída com a “Fala aos
Inconfidentes Mortos”:

E aqui ficamos
todos contritos,
a ouvir na névoa
o desconforme,
submerso curso
dessa torrente
do purgatório...
Quais os que tombam,
em crimes exaustos,
quais os que sobem,
purificados?

Um dos romances mais significativos, o XXIV, relaciona o ato da confecção da bandeira dos inconfidentes com todo o movimento que eles preparavam em Ouro Preto.

  • Primeira parte: a “Fala Inicial”, o primeiro “Cenário” e os romances I — XX.
  • Segunda parte: Romances XXI — XLVII.
  • Terceira parte: Romances XLVIII — LXIV.
  • Quarta parte: Romances LXV — LXXX.
  • Quinta parte: Romances LXXXI — LXXXV, mais a Fala aos Inconfidentes Mortos.

Portanto ,há  três estruturas que se alternam no poema:

  • Romances - a obra apresenta-se estruturada em 85 romances, além de outros poemas, como os que retratam os cenários. Total de 95 textos. Em sua composição, é utilizada principalmente a medida velha, ou seja, a redondilha menor, verso de cinco sílabas poéticas (pentassílabo) e, predominantemente, a redondilha maior, verso de sete sílabas (heptassílabo), além de versos mais curtos, tercetos, quadras, sextilhas, refrões e versos decassílabos. Os romances não são dispostos na seqüência cronológica dos acontecimentos; ora aparecem isolados, ora constituem-se em verdadeiros ciclos (o de Chica da Silva, o do Alferes, o de Gonzaga, o da Morte de Tiradentes, o de Gonzaga no exílio, o de Bárbara Heliodora, o da Rainha D. Maria);
  • Cenários- situam os ambientes, marcando as mudanças de atmosfera e localizando os acontecimentos: Imaginária serenata e Retrato de Marília.
  • Falas - representam uma intervenção do poeta-narrador, tecendo comentários e levando o leitor à reflexão dos fatos referidos: Fala inicial, uma Fala à antiga Vila Rica, uma Fala aos pusilânimes, uma Fala à comarca do Rio das Mortes e pela Fala aos inconfidentes mortos.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Subsídios para entender o livro Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles

INCONFIDÊNCIA MINEIRA

A Inconfidência Mineira foi um dos mais importantes movimentos sociais da História do Brasil. Significou a luta do povo brasileiro pela liberdade, contra a opressão do governo português no período colonial. Ocorreu em Minas Gerais no ano de 1789, em pleno ciclo do ouro.

No final do século XVIII, o Brasil ainda era colônia de Portugal e sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas e impostos. Além disso, a metrópole havia decretado uma série de leis que prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial do Brasil. No ano de 1785, por exemplo, Portugal decretou uma lei que proibia o funcionamento de industrias fabris em território brasileiro.

Causas 
Vale lembrar também que, neste período, era grande a extração de ouro, principalmente na região de Minas Gerais. Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou seja, vinte por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses. Aqueles que eram pegos com ouro “ilegal” (sem  ter pagado o imposto”) sofria duras penas, podendo até ser degredado (enviado a força para o território africano).

Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas minas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não diminuíam as cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama. Esta funcionava da seguinte forma: cada região de exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido.

Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação muito grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns membros da elite brasileira (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pela idéias de liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da Independência do Brasil.

Os Inconfidentes 
O grupo, liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes era formado pelos poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira. A ideia do grupo era conquistar a liberdade definitiva e implantar o sistema de governo republicano em nosso país. Sobre a questão da escravidão, o grupo não possuía uma posição definida. Estes inconfidentes chegaram a definir até mesmo uma nova bandeira para o Brasil. Ela seria composta por um triangulo vermelho num fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que Tardia).
Tiradentes Tiradentes: líder da Inconfidência Mineira
Os inconfidentes haviam marcado o dia do movimento para uma data em a derrama seria executada. Desta forma, poderiam contar com o apoio de parte da população que estaria revoltada. Porém, um dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis, delatou o movimento para as autoridades portuguesas, em troca do perdão de suas dívidas com a coroa. Todos os inconfidentes foram presos, enviados para a capital (Rio de Janeiro) e acusados pelo crime de infidelidade ao rei. Alguns inconfidentes ganharam como punição o degredo para a África e outros uma pena de prisão. Porém, Tiradentes, após assumir a liderança do movimento, foi condenado a forca em praça pública.

Embora fracassada, podemos considerar a Inconfidência Mineira como um exemplo valoroso da luta dos brasileiros pela independência, pela liberdade e contra um governo que tratava sua colônia com violência, autoritarismo, ganância e falta de respeito.
  

AS PERSONAGENS NEGRAS

CHICO REI:

é um personagem lendário da tradição oral de Minas Gerais, Brasil. Segundo esta tradição, Chico era o rei de uma tribo no reino do Congo, trazido como escravo para o Brasil. Conseguiu comprar sua alforria e de outros conterrâneos com seu trabalho e tornou-se "rei" em Ouro Preto.
Chico Rei, nascido no Reino do Congo, chamava-se originalmente Galanga. Era monarca guerreiro e sumo sacerdote do deus Zambi-Apungo e foi capturado com toda a corte por comerciantes portugueses traficantes de escravos. Chegou ao Brasil em 1740, no navio negreiro "Madalena", mas, entre os membros da família, somente ele e seu filho sobreviveram à viagem. A rainha Djalô e a filha, a princesa Itulo, foram jogadas no Oceano pelos marujos do navio negreiro "Madalena" para aplacar a ira dos deuses da tempestade, que quase o afundou.
Todo o lote de escravos foi comprado pelo Major Augusto, proprietário da mina da Encardideira, e foi levado para Vila Rica como escravo, juntamente com seu filho. Trabalhando como escravo conseguiu comprar sua liberdade e a de seu filho. Adquiriu a mina da Encardideira. Aos poucos, foi comprando a alforria de seus compatriotas. Os escravos libertos consideravam-no "rei".

Carlos Julião. Cortejo da Rainha Negra. na Festa de Reis. Aquarela colorida do livro Riscos illuminados de figurinos de brancos e negros dos uzos do Rio de Janeiro e Serro Frio.

Congado em litografia de Rugendas.
Este grupo associou-se em uma irmandade em honra de Santa Ifigênia, que teria sido a primeira irmandade de negros livres de Vila Rica. Ergueram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
Chico Rei virou monarca em Ouro Preto, antiga Vila Rica em Minas Gerais no século XVIII, com a anuência do governador-geral Gomes Freire de Andrada, o conde de Bobadela.
No dia de Nossa Senhora do Rosário, ocorriam as solenidades da irmandade, denominadas Reinado de Nossa Senhora do Rosário.[2] Durante estas solenidades, Chico, coroado como rei, aparece com a rainha e a corte, em ricas indumentárias, seguido por músicos e dançarinos, ao som de caxambus, pandeiros, marimbas e ganzás. Este cortejo antecede a missa.

A história de Chico Rei não possui registros históricos fidedignos. Ela aparece em uma nota de rodapé escrita por Diogo de Vasconcelos, em seu livro "História Antiga de Minas", de 1904. Note-se que antes da publicação desse livro em 1904, inexiste qualquer informação sobre esse personagem e, depois disto, até a presente data, todas as informações checadas pelo historiador Tarcísio José Martins, revelaram que, direta ou indiretamente, saíram da nota de rodapé do citado livro.


CHICA DA SILVA: 

Chica da Silva
(Ex-escrava brasileira)
1732, Arraial do Tijuco, atual Diamantina (MG)*
15/02/1796, Arraial do Tijuco



Filha de um relacionamento extraconjugal do português Antonio Caetano de Sá e da escrava Maria da Costa, Francisca da Silva é uma das personagens mais populares na história do Brasil. A sua trajetória, que já foi transposta para o cinema e para a televisão, mais parece um conto de fadas. Mulata e escrava, Francisca da Silva foi libertada por solicitação do contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, uma das pessoas mais ricas à época no Arraial do Tijuco, atual Diamantina, em Minas Gerais.

Assim que foi libertada, Chica da Silva, que tinha trabalhado como escrava para José Silva Oliveira (pai do inconfidente José Oliveira), tornou-se amante de João Fernandes de Oliveira, com quem teve 13 filhos (alguns historiadores dizem que foram 12). Antes de conhecer o contratador de diamantes, também fora escrava do sargento-mor Manoel Pires Sardinha. Deste relacionamento, nasceram dois filhos: Plácido Pires Sardinha, que se formou em engenharia pela Universidade de Coimbra, e Simão Pires Sardinha, também educado na Europa.

Desfrutando do imenso poder e riqueza do contratador de diamantes, Chica da Silva deu uma grande guinada em sua vida e acabou por receber o apelido de "Chica que manda". A ex-escrava costumava freqüentar as missas coberta de diamantes e acompanhada por 12 mulatas muito bem vestidas. Depois que ganhou a liberdade, foi morar em uma grande casa, construída em forma de castelo, com capela particular e um teatro totalmente equipado, o único existente na região.

Dentro da casa, destacavam-se jardins e árvores exóticas, além de um grande lago artificial. Há divergências entre os historiadores sobre o seu perfil. Alguns a descrevem como linda e sensual, outros dizem que era feia e sem atributos físicos. O fato é que, escrava e semi-alfabetizada, Chica da Silva tinha tudo para ficar no anonimato, caso não tivesse conhecido João Fernandes de Oliveira.

O contratador satisfazia aos seus mínimos desejos e Chica da Silva passou a viver em pleno luxo. A primeira vez que a sua história transpôs o horizonte de Minas Gerais foi com o lançamento do livro "Memórias do Distrito Diamantino", escrito pelo advogado Joaquim Felício dos Santos, mais de meio século após a morte da ex-escrava. Depois da publicação, a vida de Chica da Silva ganhou uma notoriedade que ela jamais poderia sonhar na época em que era apenas uma escrava.

* A data de nascimento de Francisca da Silva é imprecisa. A maioria dos historiadores, porém, aponta o ano de 1732. Mas há quem também informe que a ex-escrava nasceu em 1731.


SANTA EFIGÊNIA DO ALTO DA CRUZ




Santa Efigênia
Angela Leite Xavier


Na antiga Vila Rica, os escravos costumavam subir uma montanha ao final do dia. Lá se sentavam e conversavam sobre a pátria distante, a saudade da vida livre, o medo de morrer escravos numa terra estranha e distante. Juntos choravam sua desgraça. Nesse local havia uma cruz alta de jacarandá que deu o nome ao bairro de Alto da Cruz.

Um dia, quando estavam sentados ao pé da cruz como sempre faziam, os negros viram surgir, à sua frente, uma jovem negra, muito bonita que os consolou com doces palavras. Disse que era uma virgem cristã de nome Efigênia. A notícia daquela aparição se espalhou entre os escravos e cada vez mais pessoas se reuniam naquele morro na esperança de ver a jovem misteriosa. Ela vinha e conversava com eles, ensinava o amor, a tolerância e a paciência.


Um dia, como sempre ela apareceu e pediu aos escravos que fosse construída naquele local uma igreja para que eles pudessem ter um templo seu para suas orações.  A igreja deveria ter cinco altares simbolizando os cinco anos em que ela apareceu aos negros ao pé da Cruz. Deveria ser construída voltada para o Rio Uamii (Rio das Velhas) e ter duas torres. A que dava para o nascer do sol teria um relógio e um grande sino. Na outra torre, ficariam os sinos menores. A invocação seria Nossa Senhora do Rosário. Em sua homenagem, eles deveriam cultivar rosas em seus jardins e, à noite, os anjos os protegeriam. E é por isso que, até hoje, não se usam flores artificiais nas igrejas dedicadas a Santa Efigênia. Depois desse dia ela não voltou a aparecer.  

Desde então os escravos começaram a edificar o templo nos seus momentos de descanso. As negras besuntavam os cabelos com azeite para que o ouro em pó grudasse neles e, ao lavá-los em água quente, apuravam pouco a pouco o ouro para seguir na construção do templo que seria dedicado a Santa Efigênia. Os cativos que queriam a liberdade faziam promessa de levar à santa coisas de valor, inclusive ouro.  Ainda no início do século XX, havia na igreja a ela dedicada muitas jóias, correntes de ouro e prata e também ouro em pó, guardados num móvel de jacarandá que ficava na sacristia.   

Ela é a protetora dos negros, dos solteiros e dos soldados. Dizem que o bairro de Santa Efigênia está cheio de solteirões devotos da santa. Todos os anos os soldados vão à sua igreja, no dia 21 de setembro, prestar-lhe homenagem.

Diz a lenda que, por volta de 1865, os soldados do 17o batalhão, aquartelados em Ouro Preto, foram lutar na Guerra do Paraguai e Santa Efigênia os acompanhou o tempo todo para protegê-los. Quando estavam os soldados à beira mar, ali aparecia uma negrinha. Eles se espantavam e perguntavam o que ela fazia ali, num lugar perigoso como aquele. E ela dizia que estava ali para protegê-los e avisava dos perigos. Uma vez ela preveniu sobre uma ponte pela qual iriam passar. Ao verificar a situação da ponte, os oficiais viram que ela não era segura e evitaram atravessá-la, salvando toda a tropa de um grande desastre.

Um soldado, especialmente devoto de Santa Efigênia, pediu sua proteção no campo de batalha. Dentro da trincheira ele rezava, as balas pipocavam de todos os lados e nenhuma o atingiu. Chegou a ponto de uma bala atingir o alto de seu capacete, que rodopiou no ar e foi cair de novo na sua cabeça. O soldado nada sofreu e voltou são e salvo para Ouro Preto. Para agradecer sua santa protetora, subiu de joelhos toda a escadaria da igreja a ela dedicada.

Ela sempre ia ao quartel e era vista subindo a ladeira descalça. Depois a roupa da imagem aparecia suja de terra vermelha.

Durante o tempo em que ela esteve ausente de Ouro Preto, sua imagem sumiu do altar. Todos procuravam preocupados. O padre pressionou a zeladora. Ela era responsável e devia dar conta da imagem da santa. A zeladora desesperada jurava que não a havia roubado. Tudo se resolveu quando os soldados chegaram da guerra. Como por encanto, a santa reapareceu no seu altar. Todos puderam ver seus pés sujos de barro e as pegadas deixadas no caminho. O formato dos pés estava direitinho no barro e até a barra de seu manto estava manchada.

Contam ainda que, certa vez, quando um trem chegou a Vila Rica, desceu dele uma moça negra, muito bonita, com uma grande mala. Já era noite e ela estava sozinha. Um rapaz, querendo ser gentil, aproximou-se e ofereceu para carregar a mala da moça e acompanhá-la até sua casa. Ela permitiu. Mas, ao pegar a mala, o rapaz tomou um grande susto. Não conseguiu levantá-la!

- Mas, o que há aqui nesta mala para pesar tanto? - perguntou ele surpreso. A moça sorriu, pegou a mala tranqüilamente dizendo:

-Aqui estão os pecados desta cidade. E se afastou carregando a bagagem deixando o jovem boquiaberto, parado na Estação.

Não é à toa que antigos ouro-pretanos tinham uma máxima:

“Em Ouro Preto não entra peste, fome, guerra e nem tampouco crises, porque tem, em suas extremidades, duas invencíveis sentinelas.” Referiam-se a Santa Efigênia no Alto da Cruz e, do lado oposto, ao Senhor Bom Jesus das Cabeças.

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