A LENDÁRIA MADEIRA MAMORÉ
* por Anisio Gorayeb
Construída no período de 1907 a 1912, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré teve sua historia sempre envolvida em lendas e mistérios, principalmente após a publicação do livro “A ferrovia do Diabo” de autoria de Manoel Rodrigues Ferreira em 1959.
Antes porem, houve duas tentativas de se construir uma ferrovia ligando a região central do continente sul americano ao Oceano Atlântico. A concretização deste pleito iniciou em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, onde a Bolívia cedia ao Brasil as terras que compõe o estado do Acre, desde que o Brasil construísse a ferrovia.
O milionário americano Percival Farquar, dono de uma construtora que já administrava algumas ferrovias no Brasil, iniciou a epopéia da construção da lendária Madeira Mamoré. Esta monumental obra de 366 quilômetros foi construída por trabalhadores vindos de várias partes do mundo: americanos, turcos, alemães, chineses, indianos, italianos, japoneses, russos, suecos, irlandeses, franceses, barbadianos, espanhóis, portugueses e muitos outros.
As adversidades eram muitas a começar pela própria natureza com uma selva desconhecida e cheia de mistérios e índios. Porem as doenças tropicais, exclusivas da região, foi o maior adversário: febre amarela, impaludismo, beribéri, e outras infecções que tiraram a vida de milhares de operários.
Em 1908 foi construído o Hospital da Candelária, o maior centro especializado em doenças tropicais do mundo. O médico sanitarista Osvaldo Cruz esteve visitando as obras da ferrovia em 1910 e ficou muito impressionado com o hospital, que teve registrado durante o período de janeiro de 1909 a dezembro de 1912 mais de 145.000 pacientes com diversos tipos de doenças.
O maior problema ocorria quando os mesmos eram internados com impaludismo. Caso conseguisse sobreviver, após o tratamento se tornavam homens debilitados e sem condições de retornar ao trabalho. Era hora de convocar novos trabalhadores mundo afora.
Por esta razão estima-se que no período da construção passaram pela obra aproximadamente 20.000 trabalhadores de dezenas de nacionalidades.
A maior de todas as lendas diz que cada dormente representa uma vida, o que é um grande exagero, pois no Hospital da Candelária foram registrados 1.552 óbitos. Estes somados aos que morreram antes da construção do hospital e fora dele, se aproximam a um total de 6.000 óbitos.
Os dormentes fixados sob os trilhos da EFMM de Porto Velho até Guajará Mirim perfazem um total de 170.000, que é bem diferente do numero de
óbitos. Até porque se fossem tantas mortes seria como dizimar uma população inteira.
CURIOSIDADES
O idioma utilizado no complexo da EFMM era o inglês, falava-se pouco português, tanto que o primeiro jornal impresso em Porto Velho não era em português e sim em inglês: o “The Porto Velho Times”
O tratado era para construir uma ferrovia iniciando no pequeno povoado de Santo Antonio, pois não existia Porto Velho. Os navios não tinham como atracar em Santo Antonio devido as condições do rio, por isso o desembarque teve que ser transferido para um pequeno porto. Neste porto iniciou a cidade de Porto Velho.
Como a ferrovia era administrada pelos americanos, o superintendente de Porto Velho (cargo equivalente a prefeito) não tinha autoridade sobre o complexo da EFMM, por isso foi criada a Rua Divisória, que dividia o complexo do resto da cidade. Atualmente no local é a Rua Presidente Dutra.
Em 1931 a EFMM foi nacionalizada e seu primeiro diretor brasileiro foi o Coronel Aluizio Ferreira e desde então a Rua Divisória foi extinta. Aluizio Ferreira foi nomeado pelo Presidente Getulio Vargas, por isso tinha mais influência política que o superintendente da cidade de Porto Velho, que era nomeado pelo governador do Amazonas.
A EFMM foi desativada em 1972 e nestes 60 anos de atividades enfrentou algumas dificuldades, mas teve também muitas glórias. Foi muito importante para a região, pois era a única ligação entre os dois únicos municípios. Na época dos seringais de borracha milhares de toneladas foram transportadas sobre os trilhos desta importante ferrovia.
Fonte: rondoniaovivo.com
Soniamar,
ResponderExcluirParabéns por mais este magnífico espaço de ensinamento e dedicação em difundir o conhecimento tão necessário ao desenvolvimento das pessoas. O Brasil precisa de almas como você: professora comprometida com o crescimento do povo que é sem dúvida o maior patrimônio que tem uma Nação. Forte abraço do Leonam.
Texto muito bom e com informações muito importantes sobre a EFMM trazendo um entendimento claro para quem lê-lo. Tenho aqui em casa um dociê que também fala sobre a construção da EFMM, saiu a muito tempo atrás e foram poucos os exemplares publicados,ele é claro e objetivo quando fala da história da EFMM, muito bom..
ResponderExcluirSthellani Alves
Leva para eu ver Sthellani...
ExcluirLevo sim,ando sempre com ele na bolsa, na sua próxima aula eu lhe mostro..
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