Há algum tempo poderíamos apostar nas Três Caixas d’agua, ou mesmo na Estrada de Ferro Madeira Mamoré – tão famosa por seu belo pôr do sol.
O fato é que a cidade de Porto Velho cresceu as margens de uma ferrovia abandonada, feita as custas de vidas, as custas de lagrimas. Já ouvi dizer que para cada prego, um osso.
Muitos dos desbravadores que aqui chegaram, vieram na esperança de encontrar o “El Dourado” uma cidade toda feita de ouro e minérios nobre que segundo a lenda está escondida em algum ponto dessa região do norte. E naquela época, chegar aqui (na região norte) era o primeiro passo para abraçar todas as riquezas e ser dono de todo ouro.
Muitos perderam suas vidas nessa busca, muitos apenas se perderam.
E cada homem e mulher que chegou aqui, trouxe consigo uma vasta cultura, rica em peculiaridades e costumes – mesmo que não soubesse. E esses costumes e essas peculiaridades se misturaram com tantas e mais tantas outras que nasceu a cultura Porto-velhense, mas qual seria essa cultura. Bom é ai que está, não pode ser definida.
De tão rica, tão nobre a cultura porto-velhense não pode ser definida em parâmetros, e justamente por isso a cada dia, perdemos mais e mais, e ao mesmo tempo agregamos mais e mais.
Um bom exemplo disso é ir em um domingo a tarde na Estrada de Ferro Madeira Mamoré e ver jovens sentados na grama (entenda muitos jovens, muitos mesmo, de várias tribos urbanas, de vários nichos, meios, classes – todos sentados juntos, como iguais, fazendo uma única coisa...) escutando música, em um evento promovido por eles, para eles. Um estilo americano, mas que também é porto-velhense.
Não se pode limitar o poder da cultura Rondoniense, nem muito menos como as pessoas expressam isso.
Os desbravadores não sabiam naquela época o que é bem obvio hoje; o “Eldorado” não estava fora, estava dentro, dentro das pessoas, dentro deles mesmo, eles eram a riqueza que iriam compor a cidade.
Conversando com um hippie por nome Javier, ele me disse: - “Porto Velho está em um ponto estratégico, onde todos nós (hippies, nômades, ciganos...) passamos, e da mesma forma que deixamos um pouco de nós, levamos um pouco da cidade, absorvemos muito e as pessoas absorvem muito também”
Então, chego a minha própria conclusão – e o incentivo a chegar a sua -, o cartão postal da cidade de Porto Velho, somos nós, as pessoas que compõem essa cidade. E essas mesmas pessoas, de todas as cidades, são as maiores riquezas de Rondônia.
Já não existem mais obras que podemos usar como símbolos, nem muito menos ruas ou prédios...
Mas temos nós; você, eu, somos o símbolo...
Fonte: Francisco Silva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário