sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Subsídios para entender o livro Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles

INCONFIDÊNCIA MINEIRA

A Inconfidência Mineira foi um dos mais importantes movimentos sociais da História do Brasil. Significou a luta do povo brasileiro pela liberdade, contra a opressão do governo português no período colonial. Ocorreu em Minas Gerais no ano de 1789, em pleno ciclo do ouro.

No final do século XVIII, o Brasil ainda era colônia de Portugal e sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas e impostos. Além disso, a metrópole havia decretado uma série de leis que prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial do Brasil. No ano de 1785, por exemplo, Portugal decretou uma lei que proibia o funcionamento de industrias fabris em território brasileiro.

Causas 
Vale lembrar também que, neste período, era grande a extração de ouro, principalmente na região de Minas Gerais. Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou seja, vinte por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses. Aqueles que eram pegos com ouro “ilegal” (sem  ter pagado o imposto”) sofria duras penas, podendo até ser degredado (enviado a força para o território africano).

Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas minas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não diminuíam as cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama. Esta funcionava da seguinte forma: cada região de exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido.

Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação muito grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns membros da elite brasileira (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pela idéias de liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da Independência do Brasil.

Os Inconfidentes 
O grupo, liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes era formado pelos poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira. A ideia do grupo era conquistar a liberdade definitiva e implantar o sistema de governo republicano em nosso país. Sobre a questão da escravidão, o grupo não possuía uma posição definida. Estes inconfidentes chegaram a definir até mesmo uma nova bandeira para o Brasil. Ela seria composta por um triangulo vermelho num fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que Tardia).
Tiradentes Tiradentes: líder da Inconfidência Mineira
Os inconfidentes haviam marcado o dia do movimento para uma data em a derrama seria executada. Desta forma, poderiam contar com o apoio de parte da população que estaria revoltada. Porém, um dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis, delatou o movimento para as autoridades portuguesas, em troca do perdão de suas dívidas com a coroa. Todos os inconfidentes foram presos, enviados para a capital (Rio de Janeiro) e acusados pelo crime de infidelidade ao rei. Alguns inconfidentes ganharam como punição o degredo para a África e outros uma pena de prisão. Porém, Tiradentes, após assumir a liderança do movimento, foi condenado a forca em praça pública.

Embora fracassada, podemos considerar a Inconfidência Mineira como um exemplo valoroso da luta dos brasileiros pela independência, pela liberdade e contra um governo que tratava sua colônia com violência, autoritarismo, ganância e falta de respeito.
  

AS PERSONAGENS NEGRAS

CHICO REI:

é um personagem lendário da tradição oral de Minas Gerais, Brasil. Segundo esta tradição, Chico era o rei de uma tribo no reino do Congo, trazido como escravo para o Brasil. Conseguiu comprar sua alforria e de outros conterrâneos com seu trabalho e tornou-se "rei" em Ouro Preto.
Chico Rei, nascido no Reino do Congo, chamava-se originalmente Galanga. Era monarca guerreiro e sumo sacerdote do deus Zambi-Apungo e foi capturado com toda a corte por comerciantes portugueses traficantes de escravos. Chegou ao Brasil em 1740, no navio negreiro "Madalena", mas, entre os membros da família, somente ele e seu filho sobreviveram à viagem. A rainha Djalô e a filha, a princesa Itulo, foram jogadas no Oceano pelos marujos do navio negreiro "Madalena" para aplacar a ira dos deuses da tempestade, que quase o afundou.
Todo o lote de escravos foi comprado pelo Major Augusto, proprietário da mina da Encardideira, e foi levado para Vila Rica como escravo, juntamente com seu filho. Trabalhando como escravo conseguiu comprar sua liberdade e a de seu filho. Adquiriu a mina da Encardideira. Aos poucos, foi comprando a alforria de seus compatriotas. Os escravos libertos consideravam-no "rei".

Carlos Julião. Cortejo da Rainha Negra. na Festa de Reis. Aquarela colorida do livro Riscos illuminados de figurinos de brancos e negros dos uzos do Rio de Janeiro e Serro Frio.

Congado em litografia de Rugendas.
Este grupo associou-se em uma irmandade em honra de Santa Ifigênia, que teria sido a primeira irmandade de negros livres de Vila Rica. Ergueram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
Chico Rei virou monarca em Ouro Preto, antiga Vila Rica em Minas Gerais no século XVIII, com a anuência do governador-geral Gomes Freire de Andrada, o conde de Bobadela.
No dia de Nossa Senhora do Rosário, ocorriam as solenidades da irmandade, denominadas Reinado de Nossa Senhora do Rosário.[2] Durante estas solenidades, Chico, coroado como rei, aparece com a rainha e a corte, em ricas indumentárias, seguido por músicos e dançarinos, ao som de caxambus, pandeiros, marimbas e ganzás. Este cortejo antecede a missa.

A história de Chico Rei não possui registros históricos fidedignos. Ela aparece em uma nota de rodapé escrita por Diogo de Vasconcelos, em seu livro "História Antiga de Minas", de 1904. Note-se que antes da publicação desse livro em 1904, inexiste qualquer informação sobre esse personagem e, depois disto, até a presente data, todas as informações checadas pelo historiador Tarcísio José Martins, revelaram que, direta ou indiretamente, saíram da nota de rodapé do citado livro.


CHICA DA SILVA: 

Chica da Silva
(Ex-escrava brasileira)
1732, Arraial do Tijuco, atual Diamantina (MG)*
15/02/1796, Arraial do Tijuco



Filha de um relacionamento extraconjugal do português Antonio Caetano de Sá e da escrava Maria da Costa, Francisca da Silva é uma das personagens mais populares na história do Brasil. A sua trajetória, que já foi transposta para o cinema e para a televisão, mais parece um conto de fadas. Mulata e escrava, Francisca da Silva foi libertada por solicitação do contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, uma das pessoas mais ricas à época no Arraial do Tijuco, atual Diamantina, em Minas Gerais.

Assim que foi libertada, Chica da Silva, que tinha trabalhado como escrava para José Silva Oliveira (pai do inconfidente José Oliveira), tornou-se amante de João Fernandes de Oliveira, com quem teve 13 filhos (alguns historiadores dizem que foram 12). Antes de conhecer o contratador de diamantes, também fora escrava do sargento-mor Manoel Pires Sardinha. Deste relacionamento, nasceram dois filhos: Plácido Pires Sardinha, que se formou em engenharia pela Universidade de Coimbra, e Simão Pires Sardinha, também educado na Europa.

Desfrutando do imenso poder e riqueza do contratador de diamantes, Chica da Silva deu uma grande guinada em sua vida e acabou por receber o apelido de "Chica que manda". A ex-escrava costumava freqüentar as missas coberta de diamantes e acompanhada por 12 mulatas muito bem vestidas. Depois que ganhou a liberdade, foi morar em uma grande casa, construída em forma de castelo, com capela particular e um teatro totalmente equipado, o único existente na região.

Dentro da casa, destacavam-se jardins e árvores exóticas, além de um grande lago artificial. Há divergências entre os historiadores sobre o seu perfil. Alguns a descrevem como linda e sensual, outros dizem que era feia e sem atributos físicos. O fato é que, escrava e semi-alfabetizada, Chica da Silva tinha tudo para ficar no anonimato, caso não tivesse conhecido João Fernandes de Oliveira.

O contratador satisfazia aos seus mínimos desejos e Chica da Silva passou a viver em pleno luxo. A primeira vez que a sua história transpôs o horizonte de Minas Gerais foi com o lançamento do livro "Memórias do Distrito Diamantino", escrito pelo advogado Joaquim Felício dos Santos, mais de meio século após a morte da ex-escrava. Depois da publicação, a vida de Chica da Silva ganhou uma notoriedade que ela jamais poderia sonhar na época em que era apenas uma escrava.

* A data de nascimento de Francisca da Silva é imprecisa. A maioria dos historiadores, porém, aponta o ano de 1732. Mas há quem também informe que a ex-escrava nasceu em 1731.


SANTA EFIGÊNIA DO ALTO DA CRUZ




Santa Efigênia
Angela Leite Xavier


Na antiga Vila Rica, os escravos costumavam subir uma montanha ao final do dia. Lá se sentavam e conversavam sobre a pátria distante, a saudade da vida livre, o medo de morrer escravos numa terra estranha e distante. Juntos choravam sua desgraça. Nesse local havia uma cruz alta de jacarandá que deu o nome ao bairro de Alto da Cruz.

Um dia, quando estavam sentados ao pé da cruz como sempre faziam, os negros viram surgir, à sua frente, uma jovem negra, muito bonita que os consolou com doces palavras. Disse que era uma virgem cristã de nome Efigênia. A notícia daquela aparição se espalhou entre os escravos e cada vez mais pessoas se reuniam naquele morro na esperança de ver a jovem misteriosa. Ela vinha e conversava com eles, ensinava o amor, a tolerância e a paciência.


Um dia, como sempre ela apareceu e pediu aos escravos que fosse construída naquele local uma igreja para que eles pudessem ter um templo seu para suas orações.  A igreja deveria ter cinco altares simbolizando os cinco anos em que ela apareceu aos negros ao pé da Cruz. Deveria ser construída voltada para o Rio Uamii (Rio das Velhas) e ter duas torres. A que dava para o nascer do sol teria um relógio e um grande sino. Na outra torre, ficariam os sinos menores. A invocação seria Nossa Senhora do Rosário. Em sua homenagem, eles deveriam cultivar rosas em seus jardins e, à noite, os anjos os protegeriam. E é por isso que, até hoje, não se usam flores artificiais nas igrejas dedicadas a Santa Efigênia. Depois desse dia ela não voltou a aparecer.  

Desde então os escravos começaram a edificar o templo nos seus momentos de descanso. As negras besuntavam os cabelos com azeite para que o ouro em pó grudasse neles e, ao lavá-los em água quente, apuravam pouco a pouco o ouro para seguir na construção do templo que seria dedicado a Santa Efigênia. Os cativos que queriam a liberdade faziam promessa de levar à santa coisas de valor, inclusive ouro.  Ainda no início do século XX, havia na igreja a ela dedicada muitas jóias, correntes de ouro e prata e também ouro em pó, guardados num móvel de jacarandá que ficava na sacristia.   

Ela é a protetora dos negros, dos solteiros e dos soldados. Dizem que o bairro de Santa Efigênia está cheio de solteirões devotos da santa. Todos os anos os soldados vão à sua igreja, no dia 21 de setembro, prestar-lhe homenagem.

Diz a lenda que, por volta de 1865, os soldados do 17o batalhão, aquartelados em Ouro Preto, foram lutar na Guerra do Paraguai e Santa Efigênia os acompanhou o tempo todo para protegê-los. Quando estavam os soldados à beira mar, ali aparecia uma negrinha. Eles se espantavam e perguntavam o que ela fazia ali, num lugar perigoso como aquele. E ela dizia que estava ali para protegê-los e avisava dos perigos. Uma vez ela preveniu sobre uma ponte pela qual iriam passar. Ao verificar a situação da ponte, os oficiais viram que ela não era segura e evitaram atravessá-la, salvando toda a tropa de um grande desastre.

Um soldado, especialmente devoto de Santa Efigênia, pediu sua proteção no campo de batalha. Dentro da trincheira ele rezava, as balas pipocavam de todos os lados e nenhuma o atingiu. Chegou a ponto de uma bala atingir o alto de seu capacete, que rodopiou no ar e foi cair de novo na sua cabeça. O soldado nada sofreu e voltou são e salvo para Ouro Preto. Para agradecer sua santa protetora, subiu de joelhos toda a escadaria da igreja a ela dedicada.

Ela sempre ia ao quartel e era vista subindo a ladeira descalça. Depois a roupa da imagem aparecia suja de terra vermelha.

Durante o tempo em que ela esteve ausente de Ouro Preto, sua imagem sumiu do altar. Todos procuravam preocupados. O padre pressionou a zeladora. Ela era responsável e devia dar conta da imagem da santa. A zeladora desesperada jurava que não a havia roubado. Tudo se resolveu quando os soldados chegaram da guerra. Como por encanto, a santa reapareceu no seu altar. Todos puderam ver seus pés sujos de barro e as pegadas deixadas no caminho. O formato dos pés estava direitinho no barro e até a barra de seu manto estava manchada.

Contam ainda que, certa vez, quando um trem chegou a Vila Rica, desceu dele uma moça negra, muito bonita, com uma grande mala. Já era noite e ela estava sozinha. Um rapaz, querendo ser gentil, aproximou-se e ofereceu para carregar a mala da moça e acompanhá-la até sua casa. Ela permitiu. Mas, ao pegar a mala, o rapaz tomou um grande susto. Não conseguiu levantá-la!

- Mas, o que há aqui nesta mala para pesar tanto? - perguntou ele surpreso. A moça sorriu, pegou a mala tranqüilamente dizendo:

-Aqui estão os pecados desta cidade. E se afastou carregando a bagagem deixando o jovem boquiaberto, parado na Estação.

Não é à toa que antigos ouro-pretanos tinham uma máxima:

“Em Ouro Preto não entra peste, fome, guerra e nem tampouco crises, porque tem, em suas extremidades, duas invencíveis sentinelas.” Referiam-se a Santa Efigênia no Alto da Cruz e, do lado oposto, ao Senhor Bom Jesus das Cabeças.

Fonte: google.com
 

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