sábado, 24 de outubro de 2009

Água,Cultura e Civilização

Terra: Planeta água
Desde a antiguidade a água é mister para os seres humanos,basta lembrar das nascentes férteis do povo mesopotâmico ou da frase "o Egito é a dádiva do Nilo".Todavia o homem contemporâneo não vê a água com os mesmos olhos.
Para a nossa sociedade tal líquido é usado e desperdiçado descriminadamente,tendo como argumento o fato de o planeta ser formado por aproximadamente 75% de água.todavia os mesmos esquecem que apenas 2,5% desse volume é viável ao consumo humano.
Além disso uma pesquisa realizada pela UNESCO mostra que até o ano de 2050 o "potencial hidrológico" potável não será suficiente para suprir as necessidades mundiais.
Diante disso o Brasil está tranquilo pois possui grandes bacias hidrográficas (inclusive a Amazônica - maior do mundo) e é "dono" de dois terços do Aquífero Guarani.Contudo,existem lugares no país que sofre com a seca,tal problema poderia ser resolvido se não fosse a chamada "indústria da seca".
Portanto, o hidróxido de hidrogênio é fundamental não apenas para a geração de energia,trnsporte ou indústria,mas para a vida. (PAULO VITOR-JBC)
OUTROS EXEMPLOS:
TEXTO 1
Cultura e sociedade

A importância da água tem sido notória ao longo da história da humanidade, possibilitando desde a fixação do homem à terra, às margens de rios e lagos, até o desenvolvimento de grandes civilizações, através do aproveitamento do grande potencial deste bem da natureza. A sociedade moderna, no entanto, tem se destacado pelo uso irracional dos recursos hídricos, celebrando o desperdício desbaratado de água potável, a poluição dos reservatórios naturais e a radical intervenção nos Ecossistemas aquáticos, de forma a arriscar não só o equilíbrio biológico do planeta, mas a própria natureza humana.
O progresso traz consigo uma cultura baseada no “utilitarismo”, no pragmatismo e na lucratividade, expondo interesses comerciais e industriais acima dos interesses coletivos, da defesa do meio ambiente e da sobrevivência das populações. O envenenamento de mananciais por substâncias tóxicas, o fenômeno da chuva ácida e os constantes derramamentos de petróleo em meio aos oceanos, infelizmente, ilustram tal situação. Não obstante, a Engenharia Moderna, remonta melhorias na qualidade de vida urbana, através da instalação de redes de esgoto, drenagem de água e obtenção de energia, viável por meio da utilização de Usinas Hidrelétricas, predominantes, em especial, no Brasil.
Vivemos, assim, um paradoxo criado pela incoerente ação do homem, predador e vítima dos efeitos de sua própria predação, destruidor dos recursos hídricos, e maior beneficiado pela abundância em água no planeta: a atividade pesqueira e os transportes marítimo e fluvial, possíveis graças à disponibilidade natural, importantíssimos ao desenvolvimento socioeconômico das nações, sofre com a intervenção, tantas vezes maléfica, do homem, que ora deposita dejetos industriais, ora promove assoreamentos.
Tomando por base os parâmetros da conjuntura atual, investimentos na preservação dos Ecossistemas tornam-se imprescindíveis. Ademais, a formação de uma contra-cultura baseada na utilização consciente da natureza, e, em especial, da água em suas diversas formas de armazenamento caracteriza-se como crucial, a fim de salva-guardar as gerações futuras de um eventual colapso no sistema de distribuição e utilização da água. Evitaremos, dessa forma, a monopolização de um bem inerente à todos, contribuindo, acima de tudo, para a perpetuação da espécie humana. ( BEATRIZ FERNANDA VALES )
TEXTO 2
A água como problema social

Historicamente, a água tem recebido diversas representações, significações e valorações pelos povos no mundo. Há um ponto, contudo, em que não há divergência entre eles: a importância essencial da água para a sobrevivência humana.
Com base neste ponto, as muitas culturas atribuíram as mais variadas gradações de funções da água para a sociedade, desde as que valorizam seu caráter divino-mitológico, passando pelas que privilegiam seu papel essencialmente econômico para o desenvolvimento (como no caso da fertilidade do solo, necessária à agricultura, base das grandes civilizações antigas como Egito e Mesopotâmia) até aquelas que a enfatizam como símbolo da higiene, da limpeza e da “civilidade” – na Alemanha Nazista, os judeus eram comparados com ratos, eram tidos como sujos não pertencentes à civilização humana. Para diferenciar-se deles, a limpeza e a higiene foram colocadas como lema para os alemães. Até recentemente, neste país, ainda era costume a lavagem das ruas com desinfetantes e shampoos perfumados...
Percebe-se aqui, portanto, uma questão fundamental quando se fala em água: o seu aspecto social. O problema primordialmente colocado sobre a água, nos dias atuais, e que aparece normalmente como “ambiental” é, antes, um problema social. A poluição dos mananciais e/ou a escassez de água são problemas socialmente construídos e, logo, requerem uma solução do mesmo tipo.
No século XVIII, de acordo com a construção da cultura burguesa, a água, assim como a limpeza e a higiene de que é símbolo, passaram a ser valorizadas como elementos de distinção entre as classes superiores e as inferiores da sociedade. Nos dias de hoje, quando se observa que os índices de mortalidade infantil, derivados das más condições de saneamento básico, são bem maiores entre as populações faveladas do que os observados para as camadas mais altas da população, verifica-se que o “divisor das águas” entre elas permanece também pelo tipo de acesso à água: a exposição das camadas mais pobres à água suja, contaminada, não-tratada é um sinal das desigualdades sociais e deve ser combatida, inclusive, porque ela é fator de perpetuação das discriminações sociais, já que os pobres continuam a ser vistos, por conta disso, como “incivilizados”. E nisso há o gérmen de uma cultura de intolerância.
Assim, a preservação e tratamento de mananciais é uma questão de caráter público e que como tal deve ser tratada. Requer, portanto, a construção de uma cultura que rompa com a visão puramente utilitarista sobre a água e com a de que a solução para os problemas que ela envolve sejam atributos de técnicos, engenheiros e autoridades específicas. Sendo problemas sociais, todas as discussões sobre a água requerem um debate público para o seu equacionamento.
A solução conjunta para o “problema da água” é uma questão de integração cidadã. A água, como necessidade essencial à vida, é um direito universal, o qual cabe ao Estado garantir. Mas, na medida em que este tem falhado no desempenho de seus papéis, cabe à população organizada fazer valer os seus direitos na prática (e não apenas formalmente). E isto requer uma “publicização” e uma conscientização geral do problema da água na sociedade, para que esta se envolva como um todo neste problema e para que se tomem, de forma conjunta, decisões que visem à sua solução da melhor maneira possível. Uma solução que não se limite à satisfação de segmentos da sociedade. ( CAROLINA RAQUEL DUARTE MELLO JUSTO)
TEXTO 3
Água, cultura e civilização

Desde o século dezenove, as ciências sociais têm afirmado que as condições materiais de sobrevivência e produção determinam ou direcionam os elementos culturais das civilizações. Embora originadas e envoltas pelo reducionismo materialista, tais idéias têm propiciado a melhor metodologia científica para a compreensão histórica. Essa relação de causa e efeito pode ser conveniente à ciência, mas a mesma realidade que motiva essas premissas reveste-se de outras roupagens ou é enfocada através de diferentes ângulos, por outras dimensões humanas, como a arte, a religião, a filosofia ou o engenho.
Essas manifestações sobre um terreno comum adquirem maior multiplicidade com a água, o recurso material tão vital quanto o ar, mas que, ao contrário deste, é um bem econômico por sua escassez: A ciência descreve sua importância biológica, mas também histórica, pois as primeiras grandes civilizações foram forjadas com o aparecimento do maior consumidor da água (até os dias de hoje) – a agricultura –, embasando-se às margens de grandes rios. Outras formas de predação humana, como o consumo pessoal e, mais recentemente, o uso industrial e o transporte hidroviário, afetam a cultura, na relação da água com a higiene, modificando definitivamente a vida privada e a socioeconomia, tão intensamente quanto mais a água se torna recurso afetado pela poluição, mais demandado e mais escasso. A imposição de um manejo racional do recurso tem levado à criação e ao desenvolvimento de uma engenharia e técnica com um grau de especificidade jamais sonhadas em séculos anteriores.
Dependência e escassez, o amálgama comum da água, refletem-se na religião e na arte desde pela metáfora da purificação (o dilúvio bíblico foi a prática de higiene mais drástica) até as manifestações artísticas da relação do indivíduo com seu mundo próximo.
Os gregos reconheciam na natureza quatro elementos fundamentais, o ar, o fogo, a terra e a água, mas era esta última a genitora última, e isto não pode ser ignorado, pois a ausência de elementos míticos reflete a elaboração de genuína reflexão metafísica. Este exemplo basta para ilustrar a riqueza da água como fonte de investigações filosóficas.
A malha profundamente ramificada que a água possui em tantas vertentes da natureza humana, a partir de uma mesma realidade, autoriza a especular se os monumentais desperdício, poluição e dizimação da água no presente século não é o reflexo mais cristalino da maior crise em abrangência e transformação da história humana(EDUARDO BEARZOTI)

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