Nos últimos 20 anos, os níveis tecnológicos alcançados pelos produtores rurais
brasileiros atingiram patamares expressivos que podem ser mensurados pelo aumento da
produtividade no campo. Isso explica, por exemplo, o fato de o Brasil ter conseguido dobrar a produção de grãos para os atuais 100 milhões de toneladas, em relação à colheita de 50,8 milhões de toneladas obtida no início da década de 80, com a mesma área plantada. Este desempenho no campo só foi possível graças à utilização de insumos – basicamente sementes, adubo e agrotóxicos – de primeira linha disponíveis para o setor. Hoje o agronegócio, entendido como a soma dos setores produtivos com os de processamento do produto final e os de fabricação de insumos, responde por quase um terço do PIB do Brasil e por valor semelhante das exportações totais do país.
A soja foi uma das principais responsáveis pelo crescimento do agronegócio no país,
não só pelo volume físico e financeiro envolvido, mas também pela necessidade da visão empresarial de administração da atividade por parte dos produtores, fornecedores de insumos, processadores da matéria-prima e negociantes.
A produtividade e o custo de produção das fazendas nacionais demonstram que a soja
cultivada consegue ter uma competitividade superior em relação à norte-americana.
A melhoria da competitividade da agricultura e pecuária do Brasil, sobretudo nos
últimos dez anos, e o próprio empenho do governo e da iniciativa privada em estimular e divulgar o produto agrícola brasileiro no exterior tem proporcionado aumento das exportações do agronegócio.
Além da maior produtividade do setor, o câmbio permitiu uma maior competitividade
aos produtos brasileiros. A partir de 1999, a taxa de câmbio real permitiu que a
competitividade do produto brasileiro conseguisse ser repassada ao mercado externo.
Também foram importantes na melhoria do desempenho dos embarques os ganhos em
logística, com a melhoria na infra-estrutura de rodovias e portos. Além disso, em 1996, foi desonerada a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incidia sobre as exportações de produtos agropecuários.
Para aumentar a participação de mercado dos produtos agrícolas brasileiros, além do
trabalho promocional desenvolvido em conjunto pelo governo federal e iniciativa privada, o governo tem atuado junto a OMC (Organização Mundial de Comercio) no sentido da eliminação de barreiras comerciais nos países importadores.
Cabe destacar também que o sucesso do agronegócio forma parte de uma estratégia
desenhada nos anos 70 que apontou para a resolução de vários problemas estruturais que entravavam o desempenho da agricultura. O desenvolvimento tecnológico promovido pela EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) é usualmente citado como um dos principais fatores, mas há outros de igual ou maior relevância, como a abertura de fronteiras agrícolas nos Cerrados através de programas de colonização dirigida e as inovações introduzidas nos mecanismos tradicionais de política agrícola no Brasil.
Vários fatores contribuem para que haja grandes chances, no longo prazo, do Brasil
aumentar sua produção agrícola (principalmente de soja e milho). Pelo lado da oferta cabe destacar que o Brasil possui grandes áreas ainda inexploradas ou deficientemente exploradas que poderão ser incorporadas à produção agrícola no futuro se houver investimentos em produtividade e em meios de escoamento das safras.
Embora as perspectivas de continuação do desempenho do agronegocio continuem promissoras, há problemas tanto conjunturais como estruturais que podem definhar este
sucesso. No curto prazo observa-se um declínio dos preços internacionais e domésticos como o avanço de certas pragas que podem afetar a produtividade em algumas regiões (ferrugem asiática). No médio e longo prazo surge o problema da infra-estrutura de transportes, cuja deficiência tanto em termos de extensão como de qualidade ameaça introduzir um vetor de aumento de custos significativo na estrutura de produção.
A questão ambiental, principalmente por causa do desmatamento que vem sendo
observado em áreas de expansão da soja, cria um problema sério de sustentabilidade que o país deve enfrentar, sob pena de estar resolvendo um problema por um lado (macro econômico) e criando outro para as gerações futuras de dimensões mais perigosas que o que solucionou.
Leia mais sobre o Agronegócio
http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=32154
http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/analise/agronegocio-e-transnacionais-sao-inimigos-do-meio-ambiente
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