José Renato Salatiel*
Somente na última década, Plutão deixou de ser planeta, foi descoberta água em Marte, o genoma humano foi decifrado, as células-tronco puderam ser obtidas sem embriões e soubemos que o "elo perdido" entre o homem e o macaco viveu na África há mais de quatro milhões de anos.
Em ciência, aprendemos que nenhum conhecimento é definitivo. Até mesmo a tabela periódica, que classifica os elementos conhecidos segundo suas propriedades atômicas, está sujeita a revisões.
Diferente de elementos mais conhecidos, como o chumbo, o ferro, o ou o carbono, os novos compostos não podem ser encontrados na natureza. Eles foram criados por cientistas em laboratório, assim como todos os de número atômico superior a 94 na tabela.
A descoberta é atribuída aos pesquisadores do Instituto Conjunto para Pesquisa Nuclear de Dubna, na Rússia, e do Laboratório Nacional Lawrence Livermore da Califórnia, nos Estados Unidos. Outros elementos de números atômicos 113, 115, 117 e 118, também encontrados nos últimos anos, aguardam comprovação da comunidade científica para serem oficializados.
Em ciência, aprendemos que nenhum conhecimento é definitivo. Até mesmo a tabela periódica, que classifica os elementos conhecidos segundo suas propriedades atômicas, está sujeita a revisões.
Na mais recente, anunciada por cientistas no dia 8 de junho, dois novos elementos químicos foram adicionados: os de número atômico (quantidade de prótons) 114 e 116. Eles receberam o nome provisório de ununquádio (114) e ununhéxio (116), em referência aos seus números.
Diferente de elementos mais conhecidos, como o chumbo, o ferro, o ou o carbono, os novos compostos não podem ser encontrados na natureza. Eles foram criados por cientistas em laboratório, assim como todos os de número atômico superior a 94 na tabela.
Os elementos 114 e 116 são altamente radioativos, pesados e instáveis. Eles duram apenas frações de segundo, após os quais se dividem em substâncias mais leves.
A tabela periódica, elaborada pelo químico russo Dmitri Mendeleiev (1834-1907) em 1869, possui hoje compostos reconhecidos com números atômicos que vão até 112. Os dois mais recentes receberam confirmação da União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC, na sigla em inglês) e da União Internacional de Física Pura e Aplicada (IUPAP). Foram necessários três anos de revisões e dez de estudos até que fossem adicionados à lista.
A descoberta é atribuída aos pesquisadores do Instituto Conjunto para Pesquisa Nuclear de Dubna, na Rússia, e do Laboratório Nacional Lawrence Livermore da Califórnia, nos Estados Unidos. Outros elementos de números atômicos 113, 115, 117 e 118, também encontrados nos últimos anos, aguardam comprovação da comunidade científica para serem oficializados.
Decorar a tabela nova?
Para especialistas, ainda vai demorar para que os novos elementos químicos tenham aplicação prática na indústria ou cheguem ao dia a dia das pessoas na forma de produtos. Mesmo na educação, dizem eles, não deve haver grandes impactos.
Segundo o professor de Física e Química Fábio Rendelucci, por enquanto, o interesse é puramente científico. Ele diz que os compostos com 114 e 116 prótons são muito instáveis e, por isso, não permitem que tenham uso prático.
"Os novos elementos que vêm sendo incorporados à tabela ainda são muito instáveis e de vida muito curta. Todos são radioativos e se desintegram em um curto espaço de tempo, o que faz com que não possamos ainda pensar em aplicações", afirmou o professor.
Rendelucci diz que na educação também não haverá repercussão imediata. O efeito mais importante, diz ele, é mostrar que a tabela periódica é dinâmica. "Se trata de um modelo de classificação para os elementos. O aluno não pode tomá-la como uma cláusula pétrea da Química", disse.
O engenheiro e professor de Química Carlos Roberto de Lana está de acordo sobre o caráter didático da inovação. Para ele, a principal importância da descoberta é mostrar aos estudantes que a ciência é uma atividade em constante aprimoramento.
Lana acredita que a educação científica no país, sobretudo no ensino público, é muito burocrática e presa aos planos de ensino. "Neste contexto, a tabela periódica se torna mais um material para consultar na prova ou decorar antes dela. E assim não se pode ser otimista quanto ao impacto de novas descobertas", disse.
O professor vê ainda a possibilidade de futuras aplicações práticas na engenharia química. No entanto, para isso será necessária a pesquisa de elementos químicos mais estáveis. "Cada nova descoberta permite que entendamos melhor o funcionamento da matéria e a partir daí possamos dominá-la mais e dar-lhe aproveitamentos que façam a vida humana um pouco melhor", afirmou.
O sonho de Mendeleiev
A tabela periódica dispõe os elementos químicos ordenados de acordo com o número atômico. Eles são ainda classificados em metais, não metais e gases nobres e por famílias com propriedades químicas semelhantes.
Hoje, a organização parece simples e intuitiva. Mas foram necessários muitos anos de trabalho para se chegar a esse resultado. As primeiras tentativas de arranjos foram feitas no século 19.
Cientistas como o francês Alexandre-Emile B. de Chancourtois (1820-1886) e o inglês John A. R. Newlands (1837-1898) propuseram uma ordenação periódica das composições químicas, ou seja, elas repetiam a mesma propriedade depois de certo ponto.
Mas foi somente o russo Dmitri Ivanovitch Mendeleiev que, em 1869, descobriu que as propriedades dos elementos químicos provinham de suas massas atômicas. A ideia teria vindo durante um sonho.
A tabela periódica de Mendeleiev foi bem-sucedida não somente por calcular corretamente as massas atômicas como também por prever a característica de novos elementos que seriam descobertos no futuro.
Cientistas anunciaram no dia 8 de junho a inclusão de dois novos elementos químicos na tabela periódica. Os compostos de número atômico (quantidade de prótons) 114 e 116 ainda não foram batizados. Eles são chamados, provisoriamente, de ununquádio (114) e ununhéxio (116), em referência aos seus números. Diferente de elementos mais conhecidos, como o chumbo, o ferro, o mercúrio ou o carbono, os novos compostos não podem ser encontrados na natureza. Eles foram criados por cientistas em laboratórios, assim como todos os de número atômico superior a 94 na tabela. Os elementos 114 e 116 são altamente radioativos, pesados e instáveis. Eles duram apenas frações de segundo, após os quais se dividem em substâncias mais leves. Ambas as substâncias foram descobertas por pesquisadores do Instituto Conjunto para Pesquisa Nuclear em Dubna, na Rússia, e do Laboratório Nacional Lawrence Livermore da Califórnia, nos Estados Unidos. Foram três anos de revisões e dez de estudos até que fossem adicionados à lista. A tabela periódica, elaborada pelo químico russo Dmitri Mendeleiev (1834-1907) em 1869, possui hoje compostos reconhecidos com números atômicos que vão até 112. Outros, de números atômicos 113, 115, 117 e 118, também encontrados nos últimos anos, aguardam comprovação da comunidade científica para serem oficializados. |
Saiba mais
- O Sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da química (Zahar): livro escrito por Paul Strathern que conta a história da química desde os gregos e os alquimistas até a invenção da moderna tabela periódica pelo russo Dmitri Mendeleiev.
*José Renato Salatiel é jornalista e professor universitário.
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