sábado, 17 de setembro de 2011

“Porquê a Escola João Bento dar Certo?”




Professor Nazareno*

A divulgação dos resultados do ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, provou mais uma vez o que o país inteiro já sabe há anos: o nosso sistema de educação está completamente falido. Apesar de existirem algumas falhas estruturais, esse processo avaliativo é um dos mais perfeitos do mundo e a escola que obtém bons resultados nele pode ser considerada sim, ao contrário do que muitos afirmam, um ótimo lugar para se estudar. Embora não seja o único item para se avaliar a competência de uma escola, o ENEM é um excelente balizador do desempenho de qualquer estabelecimento de ensino. Porém, numa escala que vai até quase mil pontos, a escola melhor colocada no Brasil chegou a marcar setenta e seis por cento. O fosso entre os sistemas público e privado de ensino no país só aumenta e requer urgentes providências.
Em Rondônia, apenas foi confirmada a tendência nacional. No entanto, o destaque foi a Escola Professor João Bento da Costa de Porto Velho. Dentre as escolas públicas estaduais, o JBC despontou como a melhor do Estado com uma nota de 575 pontos, onze a mais do que o ano anterior e muito à frente de muitas escolas públicas tradicionais da Capital. O sucesso desta escola se dá principalmente por que participou da avaliação com um número de alunos (440) superior à soma das dez primeiras escolas classificadas de Rondônia no ENEM, incluindo nesse item as públicas e as particulares. Escola pública à nossa frente só a Marcelo Cândia (95 alunos), que é conveniada com o Estado e muito bem administrada pelas irmãs Marcelinas e o Colégio Agrícola de Colorado do Oeste (73 alunos) que é um estabelecimento Federal.
Além do mais, o JBC participou do ENEM 2010 com muitos alunos da EJA, Educação de Jovens e Adultos, fato que notoriamente faz diminuir o índice final obtido pelas escolas. Conhecidos popularmente como “Eu Jamais Aprenderei”, os participantes dessa modalidade de ensino têm-se esforçado muito para contribuir na elevação dos índices de qualquer colégio. A nota obtida pelo JBC, no entanto, ficou acima das médias nacional e estadual e a apenas 186 pontos da média da melhor escola do Brasil, o Colégio São Bento do Rio de Janeiro que obteve 761 pontos e 84 pontos menos do que o Colégio Classe A, de Porto Velho, apontada pelo ENEM como a melhor escola do Estado de Rondônia já há uma década e que somou 659. Ainda assim, esses números podem revelar uma tragédia anunciada no nosso sistema de educação.
O que não se entende é por que a Escola João Bento da Costa ultimamente tem sido alvo freqüente de pessoas que querem, por motivos desconhecidos, destruir o Projeto Terceirão na escola pública. Uma experiência que sempre deu certo não pode jamais sucumbir à inveja. Diante destes números garbosos, os críticos do JBC deveriam dar um tiro no coco ou mesmo tomar cicuta. “Árvore que não dá frutos não recebe pedradas”, ensina um velho ditado popular. Porém, os ventos soprados pelo ENEM indicam que mudanças precisam ser feitas e urgentemente. A sociedade precisa entender que educação de qualidade é um direito seu e por isso deve cobrar mais das autoridades. Se além de participar de Marchas para Jesus, Passeatas do Orgulho Gay, carnaval fora de época e Banda do vai quem quer o povo exigisse seus direitos, o nosso Estado seria outro. Em vez da “Banda Calixo” e do “Chibiu” da Joelma, precisamos é de boa cultura.
Sem Educação de qualidade não há progresso nem desenvolvimento todo mundo sabe disto, mas pouco se faz para que haja mudanças reais. E infelizmente o que se observa é um festival de erros e ignorância sem precedentes no país inteiro. Nos comentários que se postam em textos na internet a Língua Portuguesa é assassinada a cada palavra escrita. O nível intelectual da maioria dos brasileiros não faz inveja a nenhum jumento. Será que algum leitor, por exemplo, perceberia os erros gramaticais no título deste artigo? A própria SEDUC, Secretaria de Estado da Educação, recentemente grafou errado no muro da escola o nome do João Bento. Em vez de Professor (Prof.) escreveu Professoro (Profº). Além do ENEM, os alunos do JBC são preparados também para a vida. Mais de mil cidadãos de todos os cantos de Rondônia estão hoje cursando uma universidade ou já estão formados exercendo dignamente suas profissões. O sucesso deste Projeto deveria ser copiado pelas escolas públicas do Estado. O Exame Nacional do Ensino Médio funciona apenas como um bom termômetro que indica a febre do paciente. Cabe aos “médicos” de plantão prescrever os remédios certos para o mal ser curado definitivamente. De qualquer forma, parabéns a todos os alunos da Escola João Bento da Costa do ano de 2010. Sucesso a todos vocês.



*É Professor em Porto Velho.

Um comentário:

  1. ao terceirão de 2010.. quero só ver ao de 2011
    rsrs
    q tudo dê certo!

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