quarta-feira, 13 de junho de 2012

MADEIRA MAMORÉ CEM ANOS DE AGONIA E DESPREZO.

EMMANOEL GOMES É HISTORIADOR,
PROFESSOR, ESCRITOR E MEMBRO DA AVL.
 ACADEMIA VILHENENSE DE LETRAS
emmanoel-mardulce@hotmail.com



Sou tentado a escrever sobre o centenário de um dos mais importantes patrimônios históricos do estado de Rondônia. É com profunda ternura que informo ao precioso leitor que as palavras que se seguem são de alguém que ao lado de uma significativa lista de professores, artistas, intelectuais e historiadores, sofrem com o rumo dado ao nosso patrimônio público.
Gostaria de construir um texto alegre e festivo, porém, estranhamente, no centenário dessa ferrovia muito pouco temos a comemorar.
A Estrada de Ferro Madeira Mamoré atinge o seu primeiro centenário e, fora a saudade do apito anunciando sua existência, o ar de modernidade que ela transmitia em região tão isolada, a ideia de cidade ativa, múltipla e viva que um dia existiu, hoje, se transformou em um monte de entulho entre Porto Velho e Guajará.
A “modernidade” levou a paz, levou também o ambiente pacato e saudosista de tempos em que as pessoas se conheciam ao longe quando se viam. A cidade de outrora foi transformada em um ambiente frustrante de violências e mazelas de toda a sorte.
A trajetória da Madeira Mamoré foi marcada por problemas, sofrimentos e momentos fantásticos. Na atualidade a marca é a do desprezo e descaso por parte de uma geração que não aprendeu a degustar os valores da memória e cultura historiográfica que sua sociedade congrega.
A construção desse mito amazônico ocorreu em uma condição tão terrível que ao lado do canal do Panamá, é vista por alguns, como uma das obras mais difíceis de ser realizada na história humana.
O número de mortos lembra uma grande guerra, não existe uma única estatística séria que dê contas do número das vítimas dessa grande epopéia.
Manoel Rodrigues Ferreira em sua obra “A Ferrovia do Diabo” se atêm as vítimas que passaram pelo Hospital da Candelária anunciando o número de mortos entre 1907 e 1912 em 1.552. Mais tarde, na mesma obra aumenta o número dos mesmos, numa espécie de correção ou dor de consciência, para 6.208.
Lembro, que nas estatísticas, não estão incluídos os milhares e milhares de índios que eram vistos como inimigos da civilização e que foram mortos sem grandes problemas.
Não tivemos na história da Madeira Mamoré um padre como Antônio Vieira, que deixou na literatura portuguesa um legado em defesa dos índios brasileiros e da região Amazônica no período colonial.
O único personagem histórico dessas bandas a tentar civilizar os povos indígenas foi Rondon, porém não atuou durante a construção da estrada de ferro Madeira Mamoré, pois estava ocupado no estudo das fronteiras e construção do telégrafo.
O fato, é que a desgraça rondou a história dessa ferrovia, que ainda é envolvida em grandes esquemas de pilantragens e corrupção.
A Madeira Mamoré custou muito caro aos que ousaram enfrentar a realidade amazônica do final do século XIX e início do século XX.
Dessa forma, não podemos deixar de reconhecer sua importância histórica e cultural. A ausência de postura dos governos, autoridades e demais pessoas que colaboraram e colaboram para seu abandono deve ser questionado sempre.
A história da Amazônia é marcada por esse tipo de situação, muitos dos delírios capitalistas milionários manifestos aqui viraram pó.
Podemos citar uma infinidade de obras que por falta de estudo, pesquisa, planejamento, seriedade e respeito aos valores da floresta, rios, seus povos, culturas e sua realidade, produziram desgraças que feriram carnes, ossos, sentimentos e espíritos dos que aliciados ficaram desprotegidos em tão terrível absurdo mundo inóspito.
O Real Forte do Príncipe da Beira, estrutura gigantesca construída em meio à selva entre os anos de 1776 e 1783, não chegou a ser utilizada, sua construção foi equivocadamente autorizada no período em que as minas entravam em declínio e os espanhóis por sua vez não possuíam mais interesses na região em crise.
A Fordlândia, outra catástrofe , localizava-se no estado do Pará em Itaituba, próximo a Santarém, não resultou em outra coisa que não fossem grandes prejuízos.
Usina Hidrelétrica de Balbina que gera a energia elétrica mais cara do Brasil, o rio Uatumã é completamente incompatível com o projeto, um dos maiores problemas ambientais da Amazônia foi gerado ali, pois a região é completamente plana e o lago formado foi muito maior que o planejado e previsto.
Transamazônica, essa história resultante da “inteligência militar brasileira” é bem conhecida de todos, milhões foram investidos em um projeto rodoviário que não recebeu os assentamentos e um ano após foi destruído pelas chuvas torrenciais.
Neste cenário de irresponsabilidade podemos Alencar, infelizmente, mais de uma centena de projetos bilionários que alimentam lobbies, corrupção e todo o tipo de mazela.
Ainda hoje investimentos são feitos através de mega projetos que deixam um rastro de destruição e caos social.
Infelizmente se enquadra nesse cenário a Madeira Mamoré, projeto que ao ser concluído, viu os preços da borracha despencar no cenário econômico e sua utilidade desaparecer.
Uma história com dramas humanos dessa proporção mereceria um destino que não fosse o lixo, pois ela é uma prova da força e coragem e determinação humana.
Ver a ponte do Jaci dentro do rio e parte significativa do barranco do Madeira assorear, em função da irresponsabilidade de grandes empresas, em um período onde as condições tecnológicas permitem todo o tipo de ensaio e previsão é no mínimo criminoso.
As ações públicas que estão sendo feitas no pátio da Madeira Mamoré são simplesmente eleitoreiras, não foram discutidas com a sociedade, nem mesmo com os militantes que por décadas defendem a reativação e restauração de parte da ferrovia.
Os vagões estão sendo usados por drogados e mendigos como banheiros, e para piorar, nossas autoridades não conseguem impedir que a localidade ao longo dos trilhos entre a Praça Madeira Mamoré e Santo Antônio das Cachoeiras amargue altos índices de violência, prostituição e tráfico de drogas.
Quadro que ofende profundamente o morador simples e pacato do “Triangulo” que tem sido a grande vítima de todo o processo amargo e sofrido, no tal “desenvolvimento urbano e social de Porto Velho”.
Uma vez, é claro que não vão lembrar, defendi junto à prefeitura de Porto Velho que qualquer ação de restauro, reconstrução, maquiagem, ou algo parecido, precisaria ser precedida de uma ação que garantisse ao cidadão segurança, paz e tranquilidade. Coisa que nunca aconteceu.
 Sugeri a construção nas proximidades de uma estrutura que pudesse dar condições de trabalho aos policiais militares, pois até eles evitam a região nas noites em finais de semana.
Visitem os armazéns número um e dois, que foram recentemente restaurados e que consumiram ao lado da praça alguns milhões de reais, estão precisando de um novo restauro. Visitem o cemitério da Candelária que também foi restaurada é vergonhosa.
A atuação pública em relação ao nosso patrimônio público foi pífia, amadora, coisa de pilantras ou no mínimo de gente com muita má fé.
Em Rondônia boa parte das autoridades parecem ter feito um pacto contra a saúde, educação, segurança e contra os patrimônios históricos.
Na atualidade, a prefeitura está em conjunto com a empresa Santo Antonio Energia restaurando a rotunda e o galpão onde funcionou a oficina, novamente milhões serão muito mal gastos, pois sem uma política social e cultural contínua e sem a presença de uma ação policial humana que garanta segurança e bem estar dos de bem, estaremos preparando novos banheiros para os degredados e marginais que tomaram posse da localidade.
Não gostaria de construir um texto tão duro e mal humorado, porém não posso entrar na fila dos cegos, surdos e mudos, sempre soube que fui manco! Cego, surdo e mudo social, jamais.
Quem se cala, se faz de gato morto, ajuda aos que se beneficiam com o triste rumo dado ao nosso rico patrimônio histórico e cultural.

  

terça-feira, 12 de junho de 2012

SISU - INSCRIÇÃO PARA SEG SEMESTRE - 18/06 A 22/06



O Sisu foi criado pelo O Ministério da Educação (MEC) para selecionar estudantes em instituições públicas com base nas notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No sistema, é possível localizar cursos e vagas por localidade e instituição de ensino.



Inscrições para o Sisu começam no dia 18 de junho; candidatos já podem conferir oferta de vagas

Prazo termina no dia 22 de junho


As inscrições para o segundo semestre do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) começam no dia 18 de junho. Serão 30.548 vagas oferecidas por 56 instituições públicas de ensino superior e os candidatos podem consultá-las no site do Sisu até o dia 22 de junho.

- Entenda o Sisu passo a passo
Os estudantes podem se candidatar a até duas opções de curso. Estão reservadas 8.688 vagas para o sistema de cotas.

Cronograma

A partir do dia 18, ao longo do período de inscrições, a classificação parcial e a nota de corte dos candidatos serão divulgadas diariamente no portal do Sisu para consulta. Lá mesmo será possível tirar dúvidas sobre notas de corte, datas das chamadas, período de matrículas nas instituições, resultados e lista de espera.
Agenda do Sisu
Período de Inscrições 18/06 a 22/06
Resultado da 1ª chamada 25/06
Matrícula da 1ª chamada 29/06 a 02/07
Resultado da 2ª chamada 06/07
Prazo para participar da lista de espera 06/07 a 12/07
Matrícula da 2ª chamada 10/07 e 11/07
Convocação dos candidatos em lista de espera pelas instituições A partir de 17/07

No dia 25 de junho será divulgado o resultado final. Os aprovados em primeira chamada devem fazer a matrícula entre os dias 29 de junho e 2 de julho. Os selecionados para a segunda opção ou que não atingirem a nota mínima em nenhum dos dois cursos escolhidos podem permanecer no sistema e ser convocados na chamada seguinte, a partir de 6 de julho. Quem não for selecionado em nenhuma das chamadas pode pedir inclusão em lista de espera.

O candidato aprovado na primeira opção de curso será automaticamente retirado do sistema e, caso não faça a matrícula na instituição para a qual foi selecionado, perde a vaga.

sábado, 9 de junho de 2012

GENTE DA MESMA FLORESTA

Foto: de Rose Viegas - fatoconstante.com








Encher a alma de alegria e harmonia, num verdadeiro show musical com ritmos indígenas e caribenhos remetendo às lendas e a exuberância dos rios e da Floresta Amazônica é a proposta do grupo Gente da mesma Floresta. Numa explosão de ritmos calientes, o grupo proporcionou uma “anarquia” melódica gostosa de ver, sentir, ouvir e dançar. Após dois anos GENTE DA MESMA FLORESTA voltou a se apresentar brindando Porto Velho com um espetáculo grandioso. O grupo  formado por Nilson Chaves (PA),Bado (RO),Graça Gomes (AC),Eliakin Rufino (RR),Célio Cruz (AM) e Zé Miguel (AP) trouxe nessa edição a participação brilhante  de músicos locais como Bira Lourenço (percussão),Ronald Vasconcelos (guitarra) Mauro Araújo (teclados), Kleiton (contrabaixo), Júnior Lopes (bateria)  e Joelsom (sax e flauta).  

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a Fundação Cultural Iaripuna trouxeram-os de volta a Porto Velho para encerramento dos 8 dias de Ativismo Verde, que ocorreu para comemorar a Semana do Meio Ambiente. O espetáculo emana principalmente das idéias e propostas da música, produzindo uma obra, ou seja, um acontecimento cênico com profunda repercussão na platéia. Usa-se as palavras através da música para criar imagens e sensações, um elo de identificação entre palco e platéia no intuito de preservar e valorizar a Amazônia. São as palavras e os espaços que unidos na ação de preservação ambiental subvertem e ampliam as propostas do texto, criando com isso uma revelação mais profunda das intenções contidas no objetivo principal do Ativismo Verde. Um espetáculo para sentir, refletir e mobilizar camadas da sociedade em prol da preservação, no envolvimento destes em questões muitas vezes discutidas, mas onde se falta uma ação mais coerente. A música tem esse poder  de transmutação, através da compreensão racional e emocional. 

GENTE DA MESMA FLORESTA desde sua formação - uma idéia de Nilson Chaves - já visava estreitar a relação entre os Estados da região Norte através de seus compositores, fortalecendo a cultura, incentivando a produção musical, abrindo portas e promovendo a interação entre os músicos. Foi a escolha perfeita para o encerramento das atividades do Ativismo Verde  tendo em vista que a união dos mesmo já  fazem parte de um movimento que trabalha em defesa da identidade amazônica.

O Brasil com suas ricas raízes cultural nos proporciona grandes músicos, mas muitas vezes não é dado o devido valor a eles. Quem pesquisar um pouco mais sobre Nilson Chaves por exemplo perceberá o grande valor desse musico que “eternizou-se em sua terra natal pela canção "Sabor Açaí". Sendo um dos cantores paraenses mais conceituados no mercado internacional e o mesmo  confessa seu orgulho de ser um artista genuinamente amazônico". Zé Miguel por sua vez está entre os principais representantes da música na Amazônia, com valorização dos ritmos regionais, como o batuque e o marabaixo, elementos marcantes da cultura afro no Amapá. Eliakin Rufino é “um poeta, cantor, escritor, professor de filosofia, produtor cultural e jornalista brasileiro. É, junto a Zeca Preto e Neuber Uchoa, um dos integrantes do movimento Roraimeira — expressão cultural amazônica considerada por cientistas sociais como um dos expoentes máximos na construção da identidade roraimense e encantou o público mais uma vez com declamação de poesias durante o show. Já a” música de Célio Cruz se inscreve no bom estilo MPB, com algumas incursões por ritmos latinos, blues e baladas, com melodias originais que podem ser interpretadas como a feição amazônica impregnada na própria vida do artista, refletindo sutilmente sobre a sua obra”.Bado compositor e instrumentista   nascido na cidade de Porto Velho (RO), “expressa em sua música as experiências vividas na região amazônica, em mais de vinte anos de carreira. O compositor aposta na música amazônica como uma música universal, que abrange a diversidade rítmica presente na cultura do Norte do país.” Graça Gomes é natural de Rio Branco. “Teve sua formação musical com o pai, famoso sanfoneiro dos seringais acreanos e amazonenses dos anos 60 e 70, conhecido como Chiquinho Arigó. Com ele aprendeu suas primeiras músicas, forrós, xotes e rancheiras. Assim, começou a cantar muito cedo nas festas populares e religiosas e, logo depois, bares e shows.” Com uma voz afinada, tanto na intensidade quanto na suavidade encanta quem a ouve. Portanto “Gente da mesma Floresta” é composto pelo que há de melhor na musica regional amazônica e, uma pesquisa mais atenta sobre a biografia de cada um levará o leitor a conhecer verdadeiras pérolas da música regional amazônida.

Destaque também para as participações de Bira Lourenço consagrado percursionista de Porto Velho que dentro deste grupo se integrou perfeitamente, pois como já observado Bira é “o som da floresta, é o som dos magos, dos duendes. Tem o poder e a magia na ponta dos dedos. É alma viva, é poesia, é a essência de um som puro, caliente, contagiante... é o poeta do Madeira.” A performance do guitarrista Ronald Vasconcelos, os teclados de Mauro Araújo, o contrabaixo de Kleiton, a bateria de Júnior Lopes e o sax e flauta de Joelsom completaram o espetáculo, pois a grande habilidade com os instrumentos impressionou e deixou no público um gostinho de “quero mais”.

Com a música “Não vou sair” uma composição de Celso Viáfora, ”Gente da mesma Floresta” encerrou o espetáculo recebendo aplausos de maneira calorosa pelo público portovelhense reconhecedores e apreciadores das belas canções regionais.